Estas linhas poderão parecer insuficientes pra contar e detalhar os momentos vividos neste Carnaval mais que especial do ano de 2007. Principalmente para uma pessoa que jamais brincou Carnaval na vida e, de cara, encontra o Recife e Olinda comemorando os gloriosos 100 anos de Frevo, ritmo tipicamente pernambucano, que “freve” quem o escuta e faz até aqueles mais desengonçados caírem na gandaia!
Tudo começou na sexta-feira dia 16/02/07, no Marco Zero, onde foi dado o pontapé inicial da folia de Momo: lá encontrei o batuque dos poderosos Maracatus comandados por Naná Vasconcelos, o mago dos ritmos, com a participação de artistas como Maria Betânia e Claudionor Germano, que cantaram pouco, ma cuja apresentação me encantou sobre maneira... Mas, o que mal me esperava era estar presente num dos maiores espetáculos de cultura popular nordestina: O show de Antonio Nóbrega. O show foi literalmente o ponto alto da noite. Para um marinheiro de primeira viagem como eu começar o Carnaval com esse show seria no mínimo uma prévia do que estava pra acontecer; foi fascinante vê-lo cantar misturando pantomimas, frevo, maracatu, coco, maxixe, ciranda, capoeira e circo, é isso mesmo, circo. Nunca tinha visto algo tão marcante! Pernambuco deve se orgulhar da figura de Antonio Nóbrega “O MULTIARTISTA”.
Como havia dito, este foi apenas o início. No sábado de Zé Pereira, também no Marco Zero, me deparei com as apresentações do Balé Popular do Recife que detonou o palco com seus passos perfeitos, com seu sorriso no rosto e sua resistência invejável; (quisera eu...). Houve também o Projeto La Ursa Elétrica com Silvério Pessoa, China, Spok e as participações de Chico Cesár e Paulinho Moska, esse show foi memorável pela mistura de elementos do rock, maracatu, frevo, reggae e “otras cositas más”. Fiquei impressionado ao ver músicas do Rei Roberto Carlos ao ritmo de Frevo, “arrupiei”. Até o fim das apresentações com a mais que Recifense Elba Ramalho cantando junto com a Spok Orquestra, o concerto presenteou o público com a voz maravilhosa de Elba e aparições de peso como: Geraldo Azevedo, Lenine e Lula Queiroga e Coral Edgar Moraes, valeu a pena pra quem ficou até o fim da noite.
No Domingo de Carnaval, os destaques foram o Bloco Sobe e Desce, que sai do Alto Santa Isabel e percorre as principais avenidas de Casa Amarela. Este bloco era grande demais, e um pouco assustador, para este mortal. Já no Marco Zero, houve um também um grande número de foliões para curtir Nação Zumbi com Participação de Lia De Itamaracá, Thalma Freitas e Pitty. Como não sou fã do estilo da noite, fui pra casa puxar um ronco.
Dia 19/02/2007, segunda-feira, a convite de minha prima Mônica fomos para Olinda! Meu Deus!!! O que é aquilo, hein??? É interessante observar que um marinheiro de primeira viagem sempre se admira com tudo que vê, mas percebi que em Olinda, você não se admira somente com o que vê, mas com o que saboreia, com o que toca e com o que sente. Olinda no Carnaval é um verdadeiro prato de sabores, de risos, de frevo, de alegria, de gente bonita e, principalmente de irreverência. Ver Troças Carnavalecas como a Burrinha, A Casa da Tua Mãe, Patusko, Montilla, dentre vários outros, foi um espetáculo a parte. Talvez por isso, que já experimentou, não quer deixar de “saborear” jamais! Saído de Olinda, o próximo ponto da folia era novamente o Marco Zero, que recebeu no palco a Spokfrevo Orquestra com Participação Especial de Gal Costa, que cantou vários frevos junto com o maestro e mostraram bom entrosamento, mas o melhor da festa foi a apresentação de Fundo de Quintal e do MonoBloco. Não poderia deixar de falar que o MonoBloco foi o show mais legal da noite, onde as misturas novamente agraciaram o público participante. Funk com samba, Frevo com samba, Reggae com Samba, realmente deram um bom caldo.
O último dia de carnaval preparou-me surpresas nas ladeiras de Olinda mais uma vez com sua irreverência e alegria. Mas o que agradou e superou todas as expectativas foi o show do REI Alceu, no Marco Zero (só pra variar um pouquinho...) , o Maluco Beleza agitou a galera com seus principais “hits”: Maluco Beleza, Diabo Louro, Tomara, Voltei Recife, Bom Demais, entre outras pérolas do frevo pernambucano.
Essa foi uma mínima descrição do que experimentei no Carnaval Pernambucano, essas linhas não são suficientes para expressar o que foi sentido, mas talvez sejam suficientes para enaltecer a cultura e a alegria do meu povo, que soube mais uma vez fazer o “CARNAVAL MELHOR DO MEU BRASIL”. Carnaval sem cordão de isolamento; com mulheres bonitas; com gente alegre e irreverente; com povo hospitaleiro, e dessa vez com menos violência, graças ao policiamento razoável e, principalmente pelo aniversário do ritmo nosso, o patrimônio imaterial do povo brasileiro: O FREVO.
Me orgulho de dizer: “COM ORGULHO, SOU RECIFENSE!”